A Província Brasileira de Confissão Anglicana (PBCA) é uma Província da Igreja Episcopal do Evangelho Pleno (IEEP), uma província
anglicana, cujas raízes estão na primitiva igreja cristã surgida na Inglaterra
desde os tempos dos apóstolos Foram eles que disseminaram a mensagem do
evangelho aos mais diferentes e longínquos lugares do mundo.
RAÍZES HISTÓRICAS
Um desses lugares foi a Inglaterra, onde o Cristianismo chegou por volta do final do segundo e início do terceiro
séculos da era cristã. Ali, se desenvolveu de maneira local e independente. No
final do século VI, um grupo de 40 monges, chefiados por Santo Agostinho de
Cantuária, chegou à grande ilha para cristianizar os ingleses, conhecidos na
época como anglo-saxões. Resolvidas as tensões causadas pela chegada da missão
romana, a igreja inglesa cresceu e se desenvolveu como um ramo integrante da
igreja romana. Afirmar, portanto, como muitas enciclopédias e livros de
história afirmam que a igreja inglesa foi fundada por um rei, não corresponde à
verdade, pelo simples fato de que o controvertido monarca não podia fundar algo
que já existia.
Henrique VIII apenas separou a igreja
que lá existia da tutela de Roma, que passou a ser chamada de Igreja da
Inglaterra. Com a colonização da América e a independência dos Estados Unidos,
a Igreja da Inglaterra, que passou a ser conhecida como Igreja Anglicana, se
estabeleceu como uma denominação livre do poder civil, criando dioceses,
paróquias e instituições, tomando o nome de Igreja Protestante Episcopal. Uma
dessas instituições foi o Seminário Teológico de Virgínia, de onde vieram os
missionários que estabeleceram a Igreja Episcopal do Brasil em 1890, hoje
conhecida como Igreja Episcopal Anglicana do Brasil.
A Província Brasileira de Confissão Anglicana faz parte da Comunhão Episcopal
Protestante do Brasil (CEPB) e da Ordem
Anglicana Filhos da Promessa (OAFIP), uma família de igrejas e clérigos nacionais
em comunhão permanente e histórica com igrejas que, por sua vez, estão em
comunhão com a Sé de Cantuária. A palavra anglicana, antes de significar
inglês, representa a grande família cristã internacional.
UMA IGREJA ECUMÊNICA
O ecumenismo faz parte do modo de ser
dos anglicanos. Eles oram e trabalham para que as demais igrejas busquem a
unidade em amor e obediência a Deus como um só corpo pela ação e poder do
Espírito Santo. Os anglicanos acreditam que o trabalho da igreja é pregar o
evangelho da reconciliação para o universo inteiro e não só para a parte que se
considera cristã. Deus em Cristo restaurou a natureza humana decaída naquilo que
ela devia ser. Desse modo, quem vive em Cristo está livre do pecado. Uma nova
esperança assegura a certeza do reino de Deus. A razão de ser da igreja é
anunciar essa esperança.
DOUTRINAS BÁSICAS
O
quadrilátero de Chicago-Lambeth, de 1888, define quatro princípios básicos que
permeiam as igrejas da Comunhão Anglicana:
(a) As Escrituras
Sagradas do Velho e Novo Testamentos, “contendo
tudo o que é necessário para a salvação”, como a regra e padrão de fé.
(b) O Credo dos
Apóstolos, como símbolo batismal; e o Credo Niceno, como a declaração
suficiente da fé cristã.
(c) Os dois sacramentos
ordenados por Cristo: Batismo e Ceia
do Senhor – ministrados com o uso infalível das palavras de Cristo, e dos elementos
ordenados por Ele.
OBS.: Há outros sacramentos menores, não ordenados diretamente por Jesus, mas reconhecidos pela igreja como tendo caráter sacramental. São eles: a Confirmação, a Penitência, as Ordens Ministeriais, o Matrimônio e a Unção dos Enfermos.
OBS.: Há outros sacramentos menores, não ordenados diretamente por Jesus, mas reconhecidos pela igreja como tendo caráter sacramental. São eles: a Confirmação, a Penitência, as Ordens Ministeriais, o Matrimônio e a Unção dos Enfermos.
(d) O Episcopado
Histórico, adaptado localmente nos métodos de administração às necessidades
variadas das nações e povos chamados por Deus para unidade de Sua Igreja.
VARIABILIDADE LITÚRGICA
A reforma inglesa do século XVI havia produzido três partidos ou
tendências na Igreja da Inglaterra: o Broad Church Party (igreja ampla), o High
Church Party (igreja alta) e o Low Church Party (igreja baixa).
A igreja alta tinha fortes tendências
romanistas. Foi revigorada em 1833 pelo Movimento de Oxford. Os anglo-católicos
ou ritualistas começaram a usar no culto público o rito romano, introduzindo o
uso de imagens, velas, crucifixo, incenso, água benta, invocação a Maria e aos
santos, confissão auricular, monasticismo e celibato.
A igreja baixa primava pela
simplicidade do cerimonial litúrgico. Os anglo-evangélicos foram os
grandes responsáveis pelo reavivamento evangélico na Inglaterra e em outros
países, com forte preocupação missionária.
A
igreja ampla era, de início, um grupo minoritário, mas muito influente devido
às suas posições moderadas. Sempre foram o fiel da balança entre o
ritualismo anglo-católico e o despojamento evangélico. Grande parte das
igrejas, hoje em dia, encontra-se nessa ala:
preservando certos rituais e vestes litúrgicas, porém, sem chegar ao requinte
anglo-católico ou à simplicidade evangélica.
As
influências desses grupos ou partidos se estenderam também a outros países,
principalmente os Estados Unidos Os missionários que vieram ao Brasil
pertenciam ao grupo evangélico. Entretanto, a partir da segunda metade do
século XX, vários elementos do anglo-catolicismo foram sendo gradativamente
inseridos no contexto da Igreja Episcopal do Brasil. Hoje, pode-se dizer
que boa parte de nossas paróquias enquadra-se na igreja ampla, e o uso moderado
de crucifixos, vestes litúrgicas, incenso, velas e demais paramentos é
característica desta igreja.
Não
existe, contudo, uma rigidez litúrgica, sendo sempre possível encontrar
paróquias que tendam mais ao anglo-catolicismo ou ao anglo-evangelicalismo.
MANEIRA DE SER
Uma das características das igrejas
anglicanas é a sua abertura para coisas novas, sem esquecer o passado. Para
definir essa postura democrática e liberal, os ingleses usam a palavra
compreensividade (comprehensiveness), que o teólogo anglicano brasileiro 'Jaci
Correia Maraschin' traduziu por inclusividade. Com essa palavra, segundo
Maraschin, os anglicanos querem expressar sua franca disposição de incluir na
experiência cristã a longa e rica tradição católica da igreja universal e ao
mesmo tempo se abrir às descobertas da Reforma e às coisas novas que o Espírito
Santo está sempre nos indicando.
A
forma de ser das igrejas anglicanas é para muitos, motivo de confusão,
principalmente quando ouvem dizer que essa igreja é tanto católica quanto
evangélica, tanto conservadora quanto liberal, tanto hierárquica quanto
democrática, tanto rica quanto pobre. O curioso é que essas afirmações estão
corretas, porque as igrejas anglicanas são igrejas abertas, liberais e
democráticas, onde todos esses elementos se conjugam e completam. A pastoral
anglicana não determina que os membros têm de fazer isso ou aquilo, mas que,
para o seu próprio bem, convém seguir os ensinamentos da bíblia e decidir por
si mesmos qual o caminho a tomar. Os anglicanos não desprezam o uso da razão e da
investigação científica. Esta postura liberal e democrática coloca os
anglicanos em posição privilegiada para dialogar com as demais denominações
cristãs e não cristãs.
No
Brasil existe a mania e/ou "elitismo" de uma meia-dúzia de irmãos não resolvidos
com síndrome de "estrelismus anglicanus" que vivem à rótular quem é e quem não é
anglicano (que pobreza de espírito
cristão...), enquanto que em outros países esta falácia sócio-pata não
existe, a julgar pela infinidade de instituições com o nome ‘anglicano/anglicana’
que se têm notícia. Bom, querendo nossos irmãos exclusivistas ou não o
anglicanismo se espalha pelo mundo livre dos feudos e guetos religiosos de
pessoas descompromissadas com o amor ao próximo, com o evangelismo, apenas
presos a rancores e exclusivismos imbeçis. TAMBÉM SOMOS E APRENDEREMOS MAIS
AINDA A SERMOS ANGLICANOS, buscando a liberdade, a igualdade, o convívio entre
todas as pessoas, enfim; SERMOS VERDADEIRAMENTE TOLERANTES, não apenas de
palavras.
(Último PARÁGRAFO: Revdo Padre Roberto Avelar, OAFIP)
(adaptado do website da Igreja Episcopal Anglicana do
Brasil e do artigo “Apontamentos de História da IEAB”, de Oswaldo Kickhofel)
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