AS IGREJAS DO FUTURO SÃO AS IGREJAS DO PASSADO
“Eu não
agüento mais. Eu preciso de uma igreja histórica”, era, mais uma vez, o
telefonema emocionado de um jovem pastor pentecostal, criado, assim como sua
esposa, na Assembléia de Deus. E prosseguia: “Eu não consigo mais conviver
com o emocionalismo, a superficialidade e a busca incessante de novidades. Eu
não consigo nem mais suportar as marcas do passado: o sectarismo, o legalismo,
o moralismo, a alienação sócio-política e a padronização comportamental, nem
consigo incorporar marcas do presente: a batalha espiritual ou a Teologia da
Prosperidade”.
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E, ainda dizia o jovem pastor pentecostal: “Eu
quero uma igreja histórica, com sólida teologia e tradições, profundidade,
seriedade, a solenidade e a beleza da Liturgia e da Arte Sacra, a liberdade
cristã, a missão integral”.
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Ouvi essas palavras há poucos dias. Senti-me
limitado pela hostilidade a evangélicos em outras dioceses, e a falta de
recursos para trazê-los para a nossa Diocese.
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Nesses cinco anos, pessoalmente ou por
correspondência, depoimentos como esse se sucedem.
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Lembrei-me do livro “Evangélicos a Caminho de
Cantuária”, com testemunhos de pentecostais e fundamentalistas que
encontram finalmente a paz na Igreja Anglicana, a maioria, por incrível que pareça,
na corrente anglo-católica.
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Na Europa e nos Estados Unidos, até a primeira
metade do século passado, eram os filhos e netos do liberalismo teológico que
se tornavam católicos romanos e ortodoxos, ou procuravam setores confessantes
do anglicanismo e do luteranismo. Hoje essa peregrinação espiritual é feita
pelos filhos e netos do pentecostalismo e do fundamentalismo teológico, em
número cada vez mais crescente.
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Hoje, 90% (noventa por cento) dos cristãos vivem na
Igreja Romana, nos (03) ramos das Igrejas Orientais e nas Igrejas da Primeira
Reforma (Anglicanos e Luteranos). Os 10% (dez por cento) restantes vivem nos 90
(noventa por cento) das denominações (30.000) frutos da 2ª, 3ª, 4ª e 5ª
reformas. As igrejas históricas sobrevivem, se ajustam a mudanças e incorporam
o novo e o diferente. Milhões estão começando a se cansar do caos das Seitas, e
buscam maturidade e sanidade.
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É preocupante que, por falta de igrejas da Primeira
Reforma, haja uma volta a Roma no pentecostalismo da Costa Rica, segundo pesquisas
da Visão Mundial. Há perplexidade e busca em tantos que sofrem na segunda e
terceira gerações do protestantismo radical.
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Não tem razão o meu amigo Ricardo Gondim
quando prevê o fim das igrejas históricas e a sobrevivência apenas das igrejas
pentecostais.
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O futuro se fará a partir do passado. Com abertura
ao bom no novo e ao diverso as igrejas históricas (em tantos lugares
florescentes) sobreviverão e serão o lar seguro para onde tantos retornarão.
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As Igrejas do Futuro são as Igrejas do Passado.
AUTOR: Dom Robinson Cavalcanti, OSE
Bispo Diocesano
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